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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Córnea: Transplante dá visão a bebé britânica cega

Uma bebé britânica que nasceu cega consegue agora ver graças a um transplante de córnea, que a transformou na mais jovem paciente a ser sujeita a este tipo de intervenção no Reino Unido, conta o Daily Mail.
Eva Joyce, de quatro meses de idade, veio ao mundo com Síndrome de Peter, um problema congénito que torna a córnea nublada e que impossibilita a visão. 
"Quando a Eva nasceu apercebemo-nos de que havia algo de errado com os olhos dela. Disseram-nos que provavelmente não haveria nada a fazer. Ficámos devastados, pensámos que ela nunca conseguiria ver", admite a mãe, Harriet Joyce.
Porém, especialistas do Hospital Pediátrico de Birmingham apontaram uma eventual solução: um transplante de córnea. Eva foi, então, submetida a duas cirurgias com a duração de três horas que permitiram remover as áreas nubladas de cada um dos olhos e substituí-las por córneas saudáveis de um dador. 
A primeira intervenção cirúrgica aconteceu quando a bebé tinha apenas duas semanas e meia de vida, seguindo-se-lhe uma segunda cirurgia às quatro semanas, ambas bem-sucedidas.
Manoj Parulekar, um dos oftalmologistas envolvidos nos transplantes, mostrou-se muito satisfeito com os resultados das intervenções e disse ao Daily Mail que a equipa está "desejosa de a ver crescer e fazer tudo o que os seus amigos e a sua irmã mais velha conseguem fazer".
Devido à idade, Eva terá que continuar a tomar fármacos com o objetivo de evitar a rejeição dos novos órgãos e será acompanhada até aos 16 anos, mas, embora curta, a sua vida já começou a mudar para melhor e a menina até pôde passar o Natal em casa com a família.
"Sentimo-nos muito sortudos por alguém ter tomado, provavelmente em condições extremamente tristes, a decisão de doar órgãos para ajudar pessoas como a Eva", concluiu Harriet Joyce.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Docente cria objectos que põem crianças cegas a brincar com as outras

A ideia de inclusão está por trás dos brinquedos que Leonor Pereira criou. Esta docente inventou cubos com cores contrastantes, formas geométricas e texturas, e um tapete com quadrados também com cores, formas e texturas. Joga-se o cubo como se joga um dado e associa-se à forma do tapete. O resultado permite que todas as crianças, invisuais ou não, apreciem os objectos. 

“A partir do primeiro minuto começaram a brincar e a dialogar uns com os outros. O interesse deles foi muito engraçado”, disse a professora ao PÚBLICO, recordando o momento em que testou pela primeira vez os objectos numa turma mista com crianças que vêem, outras com dificuldade de visão e outras cegas.

A produção dos objectos fez parte da tese de mestrado que realizou na Universidade do Minho, com a supervisão da investigadora Joana Cunha. 

Leonor Pereira dá aulas de Educação Visual a alunos dos 5.º e 6.º ano na Escola Aires Barbosa, em Aveiro, e a ideia de criar brinquedos que pudessem ser utilizados por crianças invisuais ou com dificuldade de visão apareceu quando teve um aluno na aula que via com uma percentagem mínima.

“Fui observando as dificuldades que [ele] tinha em perceber os objectos e representá-los. Se aquela criança tivesse sido estimulada com brinquedos provavelmente teria mais facilidade em expressar-se”, sustenta. 

Daí surgiu a ideia de fazer brinquedos que incluíssem todos, um design que também aproximasse as crianças invisuais às crianças que vêem normalmente e que promovesse o convívio. Hoje, este tipo de objectos são quase inexistentes no mercado português. A docente encontrou a turma em que testou os brinquedos através do Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual, em Coimbra, que ajudou na investigação.

Quais as características que Leonor apostou? Cores, porque a maioria dos objectos para crianças cegas eram a preto e branco e isso era “monótono”, e um design sem perigos. “As crianças [cegas] são receosas ao perceber novas texturas. Por isso fizemos objectos fofos, com interiores em esponja, que não sejam aguçados. Mesmo que sejam atirados não vão magoar”, disse, sublinhando a importância de as crianças serem receptivas aos brinquedos.

Os objectos foram pensados para a faixa etária dos três aos seis anos. Além do cubo e do tapete, foi também criado um dominó com menos peças, cujos números sentem-se com o toque. “Quanto mais novos somos, mais facilidade temos em desenvolver a motricidade fina e a percepção táctil. Quanto mais cedo [as crianças] aperceberem-se das diferenças mínimas das texturas, mais depressa vão perceber as diferenças ao lerem Braille”, exemplificou.

Agora, Leonor gostaria de produzir uma linha de brinquedos para pôr no mercado português. “Estou à espera de propostas de empresas que queiram participar neste projectos junto com a Universidade do Minho”, disse. 

No horizonte, poderá estar ainda a produção de brinquedos ou jogos para crianças já na idade escolar, sempre com a ideia da inclusão. Segundo a docente, essa é uma realidade que ainda está longe das escolas, onde os espaços e as crianças estão separados. É necessário “arranjar maneira de que todos consigam partilhar as mesmas coisas, quanto mais cedo essa partilha acontecer, mais facilmente convivemos”.

Fonte: Público