domingo, 29 de maio de 2011

Inteligência Natural por Teresa Martinho Marques

perfilpbflip.jpgEla aproximou-se de mim no final da aula e disse: "De tudo o que andamos agora a fazer nas aulas quando resolvemos problemas, o que mais me tem ajudado é aquela coisa da professora estar sempre a dizer e a mostrar que temos de usar a nossa inteligência natural para os resolver! Já estou melhor a resolvê-los e já nem tenho tanto medo!”
Há uns anos li um livro de John Holt que marcou indelevelmente o meu caminho (How children fail – Dificuldades de aprendizagem, Ed. Presença). Entre muitas coisas escritas nos anos 60, mas com preocupaçãoes tão atuais como as de hoje, uma história prendeu-me. Essa história foi, por sua vez, retirada por John de um outro livro (James Herndon – How to survive in your native land) e estava num capítulo intitulado “A turma burra”. Esse capítulo dizia respeito a uma turma, que James lecionava, constituída por crianças do 1.º Ciclo incapazes de aprender e, sobretudo, a um rapaz que parecia ser o mais burro da turma burra. Era descrito como absolutamente irrecuperável e incapaz para qualquer trabalho escolar. Um dia, James encontrou-o numa pista de bowlinganotando os resultados oficiais em torneios exigentes. Apontava as sobras, os plenos e havia sido contratado por trabalhar rapidamente e com precisão. Ninguém toleraria erros nesses torneios e ele não os cometia. Então James decidiu propor-lhe, na escola, alguns problemas sobre bowling... e ele não foi capaz de os resolver! As respostas, mais do que erradas, eram completamente absurdas.
Ao longo dos meus muitos anos de ensino não foram raras as vezes em que senti muitas crianças dentro da sala de aula completamente afastadas da realidade e da sua inteligência natural (aquela que usam no mundo fora da escola) quando resolviam problemas simples. Que idade tem a menina? 95 anos... Quantos meninos foram no autocarro? 18,25... Quanto aumentou a menina de peso dos 10 para os 11 anos? 380 kg... Tudo é respondido com naturalidade, vira-se costas depois de responder, não se pensa mais nisso. Acreditamos que, pelo simples facto de colocarmos “coisas reais” nos problemas matemáticos, tudo se torna mais próximo do real e da vida. Não é assim e tudo isto merece(ria) um olhar profundo e atento. Que efeito tem este corropio na escola, que parece estar tão distante da vida mesmo quando fingimos que é da vida que falamos? Quando lhes conto estas histórias de respostas absurdas (faço-o nas aulas como estratégia) eles riem-se e são capazes de identificar o erro. Avaliam sem qualquer problema a razoabilidade de um resultado se não se sentirem ameaçados por esse problema. Mas, curiosamente, ao resolverem um problema parecido... distanciam-se dessa sua já provada competência e cometem os mesmos erros de que se riram antes.
Muito antes de apelar para os caminhos e soluções matemáticas, encaminho as crianças para a confiança no seu julgamento, na sua inteligência natural. Muitas reagem positivamente e os efeitos são visíveis. É preciso resolver muitos problemas de todos os tipos e feitios (podem – e devem – nem sequer estar próximos do real, porque a abstração tem um papel muito importante no seu desenvolvimento) e levá-los a pensar em voz alta sobre eles. Matar a vergonha, o medo de se exporem, levá-los a virarem-se do avesso com gosto, tornando os cérebros transparentes e capazes de mostrar a forma como pensam, é fundamental e a recompensa é imensa. Mais do que encontrar respostas rápidas e precipitadas para se verem livres do “bicho” sem dor, ou engolirem o óleo de fígado de bacalhau de nariz tapado e olhos fechados, passam gradualmente de “a resposta é” para “eu faria assim e assim e depois assim e então calculava... e depois ia verificar se tinha razão com uma conta ou medição ou se tinha lógica!”
Quando, numa universidade, olhamos para vários exames de alunos (mais de 50% numa turma) onde é solicitado que determinem graficamente (desenhando) um ângulo cuja medida da amplitude é, nesse desenho, visivelmente inferior a 20º e, depois, o têm de fazer analiticamente (recorrendo a cálculos) obtendo valores próximos dos 90º e assumindo, sem crítica, essa resposta como válida (mesmo tendo a possibilidade de comparar o ângulo desenhado com os valores obtidos)... sabemos que algo de (muito) grave se passa.
Por onde começar? Confiar nas crianças e jovens, levá-los a confiar em si, apoiá-los e ajudá-los a (re)encontrar a inteligência natural que parece desaparecer, como que por triste magia, no território distante, isolado, quantas vezes estéril e insondável, a que chamamos escola.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tranquilidade...

Preciso de tranquilidade!
Agora que o ano lectivo se aproxima do seu final... INQUIETA-ME!
Começo a pensar se estarei com "os meus meninos" no próximo ano... PREOCUPA-ME!
Não que seja boa ou a melhor, NÃO!
Conheço a "fórmula" para os motivar e os incentivar a lutar para ultrapassar suas dificuldades e medos!
Sei que sentirão a minha falta e que levará tempo para se adaptarem a outra realidade!
Também sentirei bastante... mas sei que ensinei-os a confiarem nas suas capacidades. ACREDITO NISSO!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Metade dos jovens assiste a provocações e nada faz

Uma das imagens do vídeo polémico ontem divulgadoConfrontada com o vídeo de agressões a uma jovem posto a circular na Internet e ontem tornado público, a investigadora alerta para a necessidade "de mudar a cultura escolar, para que não seja mal visto um jovem reportar estas situações". "Dentro do código dos adolescentes, quem faz queixa e chama um professor ou empregado, é apontado pelos outros - é um bem-comportado", diz. 

A professora da Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa, gostava de acreditar que o jovem que filmou a cena de violência e a colocou na sua página do Facebook tivesse pensado que, já que não conseguia intervir, ao menos podia denunciar, "para não voltar a acontecer". Mas acredita que o que poderá ter estado subjacente à divulgação da cena é mesmo a ideia "do espectáculo em torno da violência", "do minuto de fama pelas piores razões". Este tipo de "eventos" não ajuda a mudar, "precisa de ser desvalorizado", defende a docente.

Quanto às raparigas envolvidas, Margarida Gaspar de Matos diz que "aquele nível de violência" revela "uma incompetência das adolescentes na comunicação e na forma de regular emoções e lidar com conflitos". A investigadora nota que a violência não tem aumentado, mas tem havido mudanças de padrão. 

"Estas meninas estão a lutar como rapazes", ou seja, em vez de "a igualdade de género" levar a que os rapazes recorram mais à conversa para resolver problemas, vemos antes "modelos de resolução de conflitos através da violência em raparigas, que estão a assumir comportamentos masculinos". "É uma regulação por baixo", salienta. Num momento em que a sociedade portuguesa está cada vez mais escolarizada, a investigadora vê este tipo de situações como "um retrocesso".

Fonte: Público

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aumentam os pedidos de ajuda para perturbações emocionais das crianças

Associação de Psiquiatria da Infância e da Adolescência debate em Gaia sintomas do mal-estar psicológico das crianças e adolescentes.


Hiperactividade, tristeza, ansiedade, depressão e problemas do comportamento alimentar são algumas das perturbações que levam cada vez mais crianças e adolescentes aos consultórios dos psicólogos e dos médicos pedopsiquiatras. Os pedidos de ajuda vêm das famílias e das escolas, de pais e de educadores alarmados com o mal-estar das crianças manifestado por aquelas alterações do comportamento. 
As tentativas de suicídio por parte de um número crescente de jovens são outro dos temas em debate

Segundo a Sociedade Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, dez a 20 por cento das crianças têm um ou mais problemas psiquiátricos, mas apenas um quinto recebe tratamento adequado. 


Por trás destas situações estão, muitas vezes, "famílias disfuncionais que não conseguem ajudar as suas crianças" e isso é o que mais preocupa a médica pedopsiquiatra Graça Mendes, responsável pela unidade de Pedopsiquiatria do Serviço de Psiquiatria e de Saúde Mental de Gaia/Espinho, que organiza até sexta-feira o XXII Encontro Nacional de Psiquiatria da Infância e Adolescência.



Como tratar estas perturbações emocionais que afectam um número crescente de crianças e de adolescentes? O recurso aos medicamentos tem-se tornado cada vez mais frequente, admite Graça Mendes, em declarações ao PÚBLICO. Mas a opção de "drogar" o sofrimento dos mais novos não é consensual entre os especialistas de saúde mental. Em discussão neste encontro, que reúne psiquiatras e psicólogos de todo o país, vão estar os desafios e controvérsias nas abordagens terapêuticas em Pedopsiquiatria.



As tentativas de suicídio por parte de um número crescente de jovens são outro dos temas em debate. Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que, em 2009, ocorreu quase o dobro de suicídios de adolescentes relativamente a 2006, ano em que se registaram oito casos. A maioria das tentativas verifica-se em raparigas e é geralmente motivada por crises na relação com familiares, namorados ou amigos, bem como por conflitos no meio escolar, referem os mesmos dados.



A maior parte dos adolescentes que deram entrada em Gaia por tentativa de suicídio através de ingestão de medicamentos tinha entre 15 e 16 anos, esclarece Graça Mendes. O aumento destes casos levou, aliás, à abertura recente da Unidade de Hospitalização Parcial da Infância e Adolescência na unidade de Pedopsiquiatria de Gaia, precisamente com objectivo de dar resposta às situações de crise de cariz agudo que necessitem de uma intervenção terapêutica urgente e intensiva. 



Graça Mendes chama também a atenção para o facto de existirem "muitas zonas do país onde não há Pedopsiquiatria" e as crianças com perturbações emocionais não terem "acesso facilitado" às consultas.



Os especialistas presentes no encontro vão debater também a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da depressão infantil, cujo diagnóstico tem aumentado junto das crianças. Falarão ainda da importância de envolver os pais e a escola nas terapias. A psicoterapia mãe-bebé é o tema da conferência da pedopsiquiatra e psicanalista Maria José Gonçalves, que falará sobre a importância da relação precoce no desenvolvimento da criança.



Pressão escolar



A pressão para os bons resultados escolares no final dos anos lectivos é, muitas vezes, um dos motivos da ansiedade e depressão que leva muitas crianças e jovens às consultas de Psiquiatria, diz Graça Mendes ao PÚBLICO. "Muitas vezes, os pais projectam nas crianças o que eles próprios desejam para eles e exercem uma pressão sobre elas que acaba por se revelar prejudicial", diz a médica, chamando a atenção para o facto de, muitas vezes, os objectivos dos adolescentes "não estarem de acordo com os dos pais" e para a necessidade de respeitar isso e, sobretudo, de dialogar.

Fonte: Público

domingo, 22 de maio de 2011

Ajude os seus alunos a melhorar a auto-estima

A auto-estima é muito importante para que os miúdos tenham sucesso escolar. Os alunos com baixa auto-estima têm um desempenho mais pobre. São inseguros e não participam activamente nos debates propostos pelo professor. Sentam-se ao fundo da sala e baixam-se, quando sabem que o professor se prepara para chamar alguém para ir ao quadro.
por Solange Sousa Mendes
Caminos

Leia as nossas dicas e ajude os seus alunos a construírem a auto-estima e a melhorarem o seu desempenho global na sala de aula. 


1 - Faça-os participar. Evite entrar no "jogo deles". Eles querem ser esquecidos, passar despercebidos. Pois, não lhes dê esse gostinho. Peça-lhes ajuda. Mas assegure-se que eles fazem bem as coisas, caso contrário poderá ser pior. Crie um sinal secreto com eles. Por exemplo, diga-lhes que de todas as vezes que você se aproximar de sua carteira e colocar a sua mão sobre ela, eles serão chamados para a próxima. Isso dá-lhes tempo para pensar na resposta e alivia a ansiedade. 


2 - Dê-lhes uma tarefa. Torne-os responsáveis por alguma coisa. Afinal de contas, a biblioteca precisa de ser organizada e o animal de estimação da sala de aula tem de ser alimentado. O importante é que os faça sentirem-se úteis e importantes. Aos poucos, os seus alunos começam a sentir-se mais valorizados, necessários e orgulhosos por terem realizado algo.


3 - Faça deles um herói. Envolva-os num programa de auxílio a alunos. Os mais novos sempre admiram os mais velhos. Deixe-os ser o tutor de um aluno mais novo. Eles que lhe dêem explicações de matérias que dominem. Ao sentirem que conseguem ajudar outra criança e, ainda por cima, serem um modelo para ela, vai, de certeza, abrir-lhes o ego. Os benefícios para ambos os estudantes seriam incalculáveis. 


4 - Reconheça os sucessos dos seus alunos. Sempre que eles fizerem bem um exercício, ajudarem outro aluno ou lhe fizerem um recado, reconheça-o. Isso incentiva-os a continuar no bom caminho, a terem orgulho de si próprios e a formarem uma auto-estima cada vez mais sólida.

Fonte: Ionline

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jogo Mini LUK

Só para vos dar a conhecer (para quem não conhece!) um jogo didáctico pelo qual fiquei fã... e os meus alunos também!

São 10 Livros que contêm um conjunto de 110 exercícios, apresentados numa perspectiva de aprendizagem activa e lúdica, que permite à criança a descoberta de si mesma, bem como a estruturação de saberes e competências. Estes livros são acompanhados de dois tabuleiros de jogo.


Vale a pena...


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Como conhecer o cérebro dos disléxicos...


Os disléxicos são pessoas normais que, surpreendentemente, no período escolar, apresentam dificuldades de leitura e, em geral, problemas, também, com a ortografia e a organização da escrita. Como ajudar pais, especialmente mães, de disléxicos? O presente artigo mostra como os pais, docentes e psicopedagogos, conhecendo o cérebro dos disléxicos, poderão ajudá-los a ler e compreender o texto lido.

A leitura, como sabemos, seja para disléxicos ou não, é uma habilidade complexa. Não nascemos leitores ou escritores. O módulo fonológico é o único, no genoma humano, que não se desenvolve por instinto. Realmente, precisamos aprender a ler, escrever e a grafar corretamente as palavras, mesmo porque as três habilidades linguísticas são cultural e historicamente construídas pelo Homo sapiens

A leitura só deixa de ser complexa quando a automatizamos. Como somos diferentes, temos maneiras diferentes de reconhecer as palavras escritas e, assim, temos diferenças fundamentais no processo de aquisição de leitura durante a alfabetização. Esse automatismo leitor exige domínios na fonologia da língua materna, especialmente a consciência fonológica, isto é, a consciência de que o acesso ao léxico (palavra ou leitura) exige conhecimentos formais, sistemáticos, escolares, gramaticais e metalinguísticos do princípio alfabético do nosso sistema de escrita, que se caracteriza pela correspondência entre letras e fonemas (vogais, semivogais e consoantes). A experiência de uma alfabetização exitosa é importante para nossa educação leitora no mundo povoado de letras, literatura, poesia, imagens, ícones, símbolos, metáforas e diversidade de media e textos.

A compreensão do valor da leitura em nossas vidas, especialmente na sociedade do conhecimento, é base para desmistificarmos o conceito inquietante da dislexia e do cérebro dos disléxicos. A dislexia não é doença, mas compromete o acesso ao mundo da leitura. A dislexia parece bloquear o acesso de crianças especiais à sociedade letrada. Deixa-as, então, lentas, dispersas, agressivas e em atraso escolar. Os docentes, pais e psicopedagogos que lidam com disléxicos devem por isso seguir alguns princípios ou passos para atuação eficiente com aqueles que apresentam dificuldades cognitivas na área de leitura, escrita e ortografia. Vamos descrever cada um deles a seguir.

Princípios de atuação
O primeiro princípio ou passo é o de se começar pela descrição e explicação da dislexia. Uma criança com deficiência mental, por exemplo, não pode ser apontada como disléxica, porque a etiologia de sua dificuldade é orgânica, portanto, de natureza clínica e não exclusivamente cognitiva ou escolar. Claro, é verdade que um adulto, depois de um acidente vascular cerebral, poderá vir apresentar dislexia. Nesse caso, trata-se, realmente, de uma dislexia adquirida, de natureza neurolinguística e que só com o apoio médico é que podemos intervir, de forma pluridisciplinar e, adequadamente, nesses casos. 

Assim, tanto para a dislexia desenvolvimental (também chamada verdadeira porque uma criança já pode herdar tal dificuldade dos pais) como para a dislexia adquirida (surge após um AVC ou traumatismo), importante é salientar que os docentes, pais e psicopedagogos, especialmente estes últimos, conheçam melhor os fundamentos psicolinguísticos da linguagem escrita, compreendendo, assim, o processo aquisição da habilidade leitora e os processos psicológicos envolvidos na habilidade. Realmente, sem o conhecimento da arquitetura funcional, do que ocorre com o cérebro dos disléxicos, durante o processamento leitor, toda a intervenção corre o risco de ser inócua ou contraproducente.

Os processos leitores que ocorrem nos cérebros dos leitores, proficientes ou disléxicos, podem ser descritos através de quatro módulos cognitivos da leitura: (1) módulo percetivo, como o nome sugere, refere-se à perceção, especialmente a visual, importante fator de dificuldade leitora; (2) módulo léxico, nesse caso, refere-se, por exemplo, ao traçado das letras e à memorização dos demais grafemas da língua (por exemplo, os sinais diacríticos como til, hífen, etc.); (3) módulo sintático, este, tem a ver com a organização da estruturação da frase, a criança apresenta dificuldade de compreender como as palavras se relacionam na estrutura das frases; (4) módulo semântico, este, diz respeito, pois, ao significado que traz as palavras nos seus morfemas (prefixos, sufixos, etc.).

Não é uma tarefa fácil conhecer o cérebro dos disléxicos. Por isso, um segundo passo é o aprofundamento dos fundamentos psicolinguísticos da lectoescrita. A abordagem psicolinguística (associando a estrutura linguística dos textos aos estados mentais do disléxico) é um caminho precioso para o entendimento da dislexia, uma vez que apresenta as conexões existentes entre questões pertinentes ao conhecimento e uso de uma língua, tais como a do processo de aquisição de linguagem e a do processamento linguístico, e os processos psicológicos que se supõe estarem com elas relacionados. Aqui, particularmente, é bom salientar que as dificuldades lectoescritoras são específicas e bastante individualizadas, isto é, os disléxicos são incomuns, diferentes, atípicos e individualizados em relação aos demais colegas de sala de aula bem como aos sintomas manifestados durante a aquisição, desenvolvimento e processamento da linguagem escrita. 

Nessas alturas, todos os que atuam com os especiais devem pensar o que pode estar ocorrendo com os disléxicos em sala de aula. Os métodos de alfabetização em leitura levam em conta as diferenças individuais? Os métodos pedagógicos, com raras exceções, propõem-se a ser eficientes em salas de crianças ditas normais, mas tornam-se ineficientes em crianças especiais. Por isso, cabe aos docentes, em particular, e aos pais, por imperativo de acompanhamento de seus filhos, entender melhor sobre os métodos de estudos adotados nas instituições de ensino. Os métodos de alfabetização em leitura são determinantes para uma ação eficaz ou ineficaz no atendimento educacional especial dos disléxicos, disgráficos e disortográficos. A dislexia é uma dificuldade específica de leitura e, como tal, nada mais criterioso e necessário do que o entendimento claro do processo da leitura ou do entendimento da leitura em processo. 

Não menos importante que o entendimento dos métodos de leitura, adotados nas escolas, devem ser objeto de preocupação dos educadores, pais e psicopedagogos as questões conceituais, procedimentais e atitudinais sobre a dislexia, disgrafia e disortografia. O que pensam as escolas sobre as crianças disléxicas? O que sabem seus professores e gestores educacionais sobre dislexia? Mais do que simples rótulos das dificuldades de aprendizagem da linguagem escrita, a dislexia é uma síndrome ou dificuldade revestida de conceitos linguísticos, psicolinguísticos, psicológicos, neurológicos e neurolinguísticos fundamentais para os que vão atuar com crianças com necessidades educacionais especiais. Reforça-se, ainda, essa necessidade de compreender, realmente, o aspeto pluridisciplinar da dislexia, posto que muitas vezes é imperiosa a interlocução com outros profissionais que cuidam das crianças, como neuropediatras, pediatras, psicólogos escolares e os próprios pais das crianças. 

Na maioria dos casos de dislexia, disgrafia e disortografia, a abordagem mais eficaz no atendimento aos educandos é a psicopedagógica (ou psicolinguística, para os linguistas clínicos) em que o profissional que irá lidar com as dificuldades das crianças aplicará à sua prática educacional aportes teórico-práticos da psicopedagogia clínica ou institucional aliados à pedagogia e à psicologia cognitiva e à psicologia da educação. São os psicolinguistas que se voltam para a explicação da dislexia e suas dificuldades correlatas (disgrafia, dislexias). Hipóteses como défices de memória e do princípio alfabético (fonológico) são apontadas, pelos psicolinguistas, como as principais causas da dislexia.

O terceiro passo para os que querem entender mais sobre dislexia é dar especial atenção à avaliação das dificuldades lectoescritoras. A avaliação deve ser trabalhada como ato ou processo de coleta de dados a fim de se melhor entender os pontos fortes e fracos do aprendizado da leitura, escrita e ortografia dos disléxicos, disgráficos e disortográficos. Enfim, a atenção dos psicopedagogos deve dirigir-se para a avaliação das dificuldades em aquisição da linguagem escrita. Nesse sentido, um caminho seguro para a avaliação da dislexia, disgrafia e disortografia é pela via do reconhecimento da palavra. O reconhecimento da palavra começa pela identificação visual da palavra escrita. Depois do reconhecimento da palavra escrita, deve ser feita avaliação da compreensão leitora, especialmente no tocante à inferência textual, de modo que levando a efeito tais procedimentos, ficarão mais explícitas as duas etapas fundamentais da leitura e de suas dificuldades: descodificação e compreensão leitoras.

O quarto e último passo para o desenvolvimento de estratégias de intervenção nos educandos com necessidades educacionais especiais em leitura, disgrafia e disortografia é o de observar qual dos módulos (percetivo, léxico, etc.) está apresentando défice no processamento da informação durante a leitura. Portanto, é entendermos como o cérebro dos disléxicos funciona durante o ato de leitura. Neste quarto passo, é imprescindível um recorte das dificuldades leitoras. A dislexia não é uma dificuldade generalizada de leitura, ou seja, não envolve todos os módulos do processo de leitura. 

Descoberto o módulo que traz carência leitora, através de testes simples como ditado de palavras familiares e não familiares, leitura em voz alta, questões sobre compreensão literal ou inferência textual, será mais fácil para os psicopedagogos, por exemplo, atuar para compensar ou sanar, definitivamente, as dificuldades leitoras que envolvem, por exemplo, aspetos fonológicos da descodificação leitora e da codificação da escrita: o princípio alfabético da língua materna, isto é, a correspondência letra-fonema ou a correspondência fonema-letra. 

Se o que está afetado se refere ao campo da compreensão, os psicopedagogos poderão propor atividades com conhecimentos prévios para explorar a memória de longo prazo dos disléxicos que se baseia no conhecimento da língua, do assunto e do mundo (cosmovisão). Quando estamos diante de crianças disléxicas com dificuldades relacionadas com a compreensão estamos, decerto, diante de casos de leitores com hiperlexia, parafasia, paralexia ou, se estão, também, sobrepostas dificuldades em escrita, ao certo, estaremos diante de escritores também com hiperlexia, parafasia, paragrafia - termos clínicos que, uma vez explicados, iluminarão os psicopedagogos que atuam com disléxicos e disgráficos. A paralexia é dificuldade de leitura provocada pela troca de sílabas ou palavras que passam a formar combinações sem sentido. A parafasia é distúrbio da linguagem que se caracteriza pela substituição de certas palavras por outras ou por vocábulos inexistentes na língua. A ciência e a terminologia, realmente, apontam mais claramente as raízes dos problemas ou dificuldades na leitura, escrita e ortografia.

Texto de
Vicente Martins
Fonte: Educare

domingo, 15 de maio de 2011

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA EM PORTUGAL: FATOS E OPÇÕES

Encontrei este excelente artigo publicado na Revista Brasileira de Educação Especial (v.17, n.1, p.3-20, Jan.-Abr., 2011) de dois portugueses conceituados especialistas da área da Educação Especial. Apresento aqui o resumo mas podem consultar o artigo completo aqui.

RESUMO: à semelhança de muitos países, Portugal tem feito mudanças no seu sistema educativo de forma a torná-lo mais inclusivo isto é fazer com que as escolas regulares se reformem de forma a acolher e a educar capazmente todos os alunos incluíndo os que têm condições de deficiência. Este artigo procura traçar um panorama actual da Educação Especial e Inclusiva em Portugal em particular depois da publicação da lei 3/2008 que originou mudanças sensíveis no sistema. São discutidas as linhas centrais da legislação, apresentados dados estatísticos sobre a situação portuguesa no final de 2009 e finalmente são lançadas pistas de discussão sobre algumas das opções que foram assumidas pelo Governo nesta matéria nomeadamente quanto ao sistema de elegibilidade, quanto à fomação de professores e às políticas de financiamento.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Educação Inclusiva. Portugal. Legislação.

domingo, 8 de maio de 2011

Animais de companhia: Grandes amigos desde pequeninos


As crianças - com ou sem necessidades especiais - são os maiores beneficiários da presença de um animal de companhia. No entanto, há sempre cuidados a ter. Seja em razão dos agentes infecciosos, de uma dentada, de uma arranhadela...


Animais de companhia: Grandes amigos desde pequeninos
As crianças beneficiam imenso da uma relação precoce com animais de companhia - ganham autonomia, responsabilidade, afectos e socialização. Num ápice, a criança transforma o animal num companheiro de brincadeiras, num amigo - os felinos são tranquilizantes, o ronronar acalma, o roçar pelas pernas em busca de colo e de uma festa desperta o "tomar conta" do pequeno amigo peludo. E os cães são protectores e ajudam a criança a preservar o seu território no seio da célula familiar. A criança aprende que é preciso dar para receber: é preciso dar alimento, mas também atenção e carinho.
Os animais são determinantes para a saúde, individual e colectiva. Pensemos no valor do cão como guia de um invisual ou quando resgata pessoas na sequência de um desastre natural, seja um terramoto, uma avalanche de neve, uma derrocada. Mas os animais podem também ser preciosos na terapiaassistida - cães, cavalos e golfinhos têm sido utilizados, com êxito, junto de crianças com problemas físicos e psicológicos.
Pela sua natureza obediente, os labradores e os golden retrievers são cães adequados para deficientes auditivos e motores. Abrir uma porta, recolher um objecto do chão, acender as luzes são alguns exemplos do que os cães podem fazer para aumentar a independência do dono. No caso das crianças comparalisia cerebralautismo ou tetraplegia, a hipoterapia - terapia com cavalos - melhora o tónus muscular, ajuda à sincronização dos ossos e das articulações, favorece a coordenação da motricidade, além de proporcionar maior controlo respiratório. O cavalo é uma importante fonte sensorial: transmite cheiro, calor, sons, estimula o tacto. Já a delfinoterapia - terapia com golfinhos - tem demonstrado efeitos positivos no apoio a crianças com síndrome de Down, autismo ou qualquer outra doença que comprometa o sistema nervoso central. O golfinho interage facilmente com a criança e proporciona estimulos que compensam a ausência parcial ou total de neurotransmissores.
Seja como guardiães de bem-estar, seja como auxiliares terapeutas, a presença de um animal comporta alguns riscos. Os pêlos podem causar alergias, uma pulga nunca está só, as carraças são uma ameaça potencial, os germes que sobrevivem nos intestinos de cães e gatos são fonte de infecções várias. E, além disso, mordem e arranham. Prevenir envolve uma higienerigorosa dos animais, reforçada com uma desparasitação periódica. Manter as vacinas em dia é um gesto essencial. Afinal, a saúde dos animais domésticos é também a saúde de toda a família.

Fonte: Médicos de Portugal

sábado, 7 de maio de 2011

Pirilampo Mágico: Campanha 2011 arranca hoje, com Pirilampo cor prata

Todos os anos, no mês de Maio, o Pirilampo Mágico sai para a rua com uma mensagem clara de solidariedade. Em 2011 comemoram-se 25 anos “mágicos” e a campanha começa hoje, dia 7, para se prolongar até 29, com um Pirilampo cor prata.
A campanha do Pirilampo Mágico 2011 arranca hoje, dia 7, com a venda do pirilampo em vários locais.
Em 2011, o Pirilampo é de cor “prata” e a campanha, da responsabilidade da FENACERCI-Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social, assinala 25 anos “mágicos”.
Em 2011, o tema da campanha do Pirilampo Mágico foi escrito e interpretado pela conhecida voz do fado Carminho. Aquela música conta ainda com a participação especial de Ney Matogrosso e Pedro Jóia é o responsável pelo arranjo musical e produção.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

IV Colóquio: "Sujeito de Direitos... e Deveres - 20 de Maio


É uma entidade de natureza privada, de carácter particular, sem fins lucrativos e que tem sede no Hospital de Faro.

Objectivos:
- Organizar e apoiar todas as iniciativas conducentes a uma melhoria dos cuidados de saúde e bem estar do doente de Pediatria.
- Colaborar activamente na área social do hospital, em parti-cular no acolhimento, internamento, serviço ambulatório e assistência domiciliária ao doente de Pediatria.
- Promover e apoiar as iniciativas culturais e recreativas da comunidade que se destinem a beneficiar o Serviço de Pediatria do Hospital e os seus utentes.
- Promover o intercâmbio de conhecimentos técnicos e cien-tíficos entre os seus associados e outras pessoas interessa das pela saúde infantil.
- Contribuir para o desenvolvimento da educação e ensino em saúde infantil.
- Promover congressos, conferências, colóquios.

Para mais informações:
Serviço de Pediatria
Rua Leão Penedo
8000 - 386 Faro
Telefone: 289 001 922
Fax 289 001 924

O mito do QI

Novo estudo defende que uma pontuação alta num teste de QI exige inteligência e motivação, enquanto um resultado baixo pode indicar apenas a falta de um dos dois.                             2011-05-04
Os testes de inteligência sempre foram considerados bons indicadores para avaliar o êxito que uma pessoa terá na vida académica e profissional. Nos Estados Unidos, uma equipa de psicólogos pôs em causa esta relação, afirmando que o "factor motivação" também deve ser considerado na hora de medir o QI de um indivíduo.
O mito do QI
Em 1904, psicólogos franceses começaram a utilizar o teste de QI como instrumento clínico, seguindo um procedimento padronizado, para auxiliar as escolas gaulesas, que precisavam de diagnosticar deficiências mentais de forma rápida e eficiente.
Os especialistas sempre defenderam a eficácia dos testes, afirmando que os resultados obtidos são bons indicadores do sucesso que uma pessoa pode atingir na vida académica e profissional, mas recebiam muitas críticas devido aos métodos aplicados, que se limitavam a medir a inteligência, esquecendo outros factores importantes.
Foi o que demonstrou uma equipa de psicólogos da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, EUA, que concluiu que o "factor motivação" tem grande importância quando um teste de inteligência é realizado num indivíduo.
O novo estudo, publicado na revista científica PNAS, defende que uma pontuação alta num teste de QI exige inteligência e motivação, enquanto que um resultado baixo pode indicar a falta de apenas um dos dois.
A pesquisa analisou mais de duas mil pessoas e procurou perceber como os incentivos afectam o desempenho nesses testes. O estudo concluiu que os incentivos melhoraram todos os resultados, principalmente daqueles que obtiveram pontuações mais baixas.
Numa outra fase da investigação, os psicólogos testaram a forma como a motivação influenciou o resultado desses testes e as previsões de inteligência e desempenho no futuro. Para isso, utilizaram dados de uma pesquisa que acompanhou 250 indivíduos da adolescência ao início da vida adulta. Os psicólogos concluíram que algumas pessoas se esforçam mais do que outras nas situações em que os incentivos são mais baixos.
James Thompson, psicólogo da Universidade de Londres, disse que já tinha conhecimento de que as pontuações altas nesses testes de QI eram reflexo da habilidade nata e de outras variáveis.
"A vida é um teste de inteligência e de personalidade", disse Thompson, acrescentando que o resultado de um teste de QI contém elementos de motivação e inteligência, mas principalmente do último.

Fonte: JNotícias

Violência Doméstica / Namoro

Acção de Sensibilização

9 de Maio de 2011 - 21h
Auditório da Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia de Tavira
Com:
Dr. João Redondo
(Médico Psiquiatra do Serviço de Violência Familiar do Hospital Sobral Cid, Coimbra)

Grupo Violência ao Longo do Ciclo de Vida da ARS Algarve, I.P.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Marcha Solidária - 8 Maio - APPDA

Mais informações em: www.appda-algarve.pt/.

Um dia especial numa sala especial

Ontem foi o dia do meu aniversário e foi com muito gosto que o partilhei com os meus alunos (inclusive um deles também fazia anos)... Parabéns N...

Queria que ficasse registado que foi um momento especial... numa sala especial... 

OBRIGADO A TODOS PELO CARINHO... 
VOCÊS SÃO MUITO ESPECIAIS PARA MIM...